… o Governo/FMI não propõe mais uma reforma, mas a destruição da Escola Pública.
Vale a pena ler esta publicação assinada pelo Miguel Abrantes no “Câmara Corporativa ” sobre esta figura, ex-comentadeiro em “plano inclinado” que dá pelo nome de Paulo Guinote o homem do “umbigo” , juntamente com Crato, o tal que queria implodir o Ministério da Educação, mas está a implodir a educação deste País não poupando ninguém até os Professores, mas que este professorzinho acha que está bem melhor …
Paulo Guinote foi um dos professores mais activos na contestação da política educativa de Maria de Lurdes Rodrigues. Hoje escreve um artigo no Público com este sugestivo título: “O fim da Educação como a conhecemos… and I don’t feel fine!” Mais uma vez, Guinote serve-nos uma lengalenga sobre a política educativa dos anteriores governos, para depois, talvez por um inexplicável milagre, reconhecer o seguinte:
- “(…) por fim os resultados começam a surgir. A partir da base, do 1.º ciclo, os nossos alunos começam a ter um desempenho acima da média e bem acima do expectável se atendermos ao contexto social, cultural e económico do país e das famílias. Resultado do trabalho na sala de aula entre professores e alunos, apesar da incerteza dominante, apesar dos calendários eleitorais, para além das agendas políticas particulares. Os recentes resultados dos testes PIRLS e TIMMS são claros… no médio prazo, o desempenho dos alunos portugueses foi dos que mais cresceu a nível internacional desde 1995.’
Aparentemente, este artigo é escrito para pôr em causa o relatório encomendado pelo Governo ao FMI. Guinote refere, é certo, que se trata de uma “encomenda” e mostra algumas das gritantes falsidades e incoerências do relatório no plano técnico. Veja-se:
- “Que é uma necessidade de justificar medidas que, esgotadas as vias internas de demonstração da sua validade, recorre a uma legitimação externa com uma origem duvidosa em termos de ligação ao sector, através da encomenda de estudos ajustados às medidas que se querem tomar. Com conclusões definidas à partida. O estudo atribuído ao FMI e apresentado esta semana como um diagnóstico “bem feito” da situação, com um amplo menu de opções” é apenas uma peça desajeitada de uma manobra comunicacional de manipulação, distorção e truncagem dos dados disponíveis sobre o desempenho do sistema educativo português. Fazem-se cálculos a partir de dados desactualizados, omitem-se conclusões de estudos incómodos, selecciona-se a informação desejada e afasta-se a que infirma as hipóteses e opções que se querem validar desde o momento da encomenda.
- Na área da Educação, este estudo do FMI contém demasiados equívocos em apenas 11 páginas. Há quadros que apresentam números que não coincidem com os de outros (quadros 6.1 e 6.3), fazem-se cálculos errados de forma incompreensível (é o caso da afirmação de que existe um professor por cada 25 portugueses em idade activa), transpira-se amadorismo e conveniência nas propostas alinhadas, claramente decalcadas de agendas de nichos de interesses no mercado da Educação. Remetem-se para notas de rodapé os dados que desmentem as conclusões do texto principal, revelando que já não temos aquele peso da Educação na despesa pública e no PIB, que a estrutura da despesa do MEC não é já aquela, em consequência de medidas tomadas nos últimos anos. Usam-se os anos de conveniência cómodos para este ou aquele rácio.”
Mas Guinote passa como cão por vinha vindimada sobre a questão essencial: se fossem adoptadas as medidas encomendadas pelo Governo ao FMI, o resultado seria a destruição da Escola Pública. E a moleza com que é tratada mais esta provocação do Governo vai ao ponto de Guinote nem sequer entender ser relevante sublinhar que o Governo/FMI:
- • Considera que “os professores das escolas públicas permanecem um grupo relativamente privilegiado”;
- • Admite despedir, numa perspectiva “moderada”, entre 50 e 60 mil trabalhadores na área da educação (entre professores e pessoal auxiliar);
- • Quer alterar a natureza jurídica do vínculo laboral dos professores;
- • Pretende aumentar o horário dos professores para 40 horas semanais, em simultâneo com o aumento da carga lectiva e o alargamento das aulas (de 45 para 60 minutos);
- • Defende a mobilidade especial na educação, não apenas para “reduzir custos e recolocar professores, mas também como um incentivo de desempenho para os professores que querem ficar de fora das listas de mobilidade”.
É por desprezar tudo isto que Guinote se atreve a colocar reformas anteriores no âmbito da Educação (no tempo de Guterres, de Sócrates e até de Cavaco) no mesmo plano em que é servido este “menu” que, pura e simplesmente, propõe a destruição da Escola Pública.
Paulo Guinote serviu alegremente de figurante na campanha eleitoral do PSD, tendo alinhado em palhaçadas organizadas por Passos & Relvas. Não consegue, definitivamente, cortar o cordão umbilical que o une a esta gentalha.